Festival homenageia escritora goiana
“Não sei... Se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas (...)”, Cora Coralina.
Em comemoração à data de nascimento da poetisa goiana Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas (Cora Coralina), que completaria 120 anos nesta quinta-feira (20), a Associação Casa de Cora Coralina está organizando o “Festival Cora Viva Coralina”, a realizar-se entre os dias 19 e 23 de agosto, na cidade de Goiás (GO). A abertura oficial do evento aconteceu ontem (19) no Museu Cora Coralina – sede do evento – que nas festividades completa 20 anos.
A programação traz lançamentos de livros, shows, espetáculos de teatro, degustação de doces e comidas típicas da região inspirados na poesia de Cora Coralina.
Para Marlene Vellasco, presidente da Associação Casa de Cora Coralina, a ideia é relembrar os momentos que Cora viveu na fazenda e que estão registrados em suas obras. "Como ela morou parte da infância na fazenda Paraíso, ela conta na obra como era a comida na fazenda, o feijão tropeiro, a carne de porco de lata, o queijo de leite com ovo caipira, o frango caipira com pequi. Para modernizar um pouco, vamos ter pizza de agrião e tomate de tapera, porque isso está na infância e na memória dela”, afirma Vellasco.
“O Tesouro da Casa Velha da Ponte”
Nascida no dia 20 de agosto de 1889, na cidade de Goiás, a poetisa começou desde jovem a escrever poemas e contos sobre seu cotidiano. Além de poetisa, Cora também foi doceira. Em 1965 realizou o sonho de publicar o primeiro livro “Poemas dos Becos de Goiás e outras Estórias Mais”, que tornou Cora, aos 75 anos, mais conhecida e consequentemente reconhecida como porta-voz da cultura goiana. Anos mais tarde foram publicadas outras obras: Vintém de Cobre, O Tesouro da Casa Velha da Ponte, Meninos Verdes, Meu Livro de Cordel, entre outras.
Na década de 80, ao ler alguns dos escritos de Cora, Carlos Drummond de Andrade escreve-lhe uma carta elogiando seu trabalho. Quando divulgada, despertou o interesse dos leitores e a fez ficar mais conhecida.
“Minha querida amiga Cora Coralina: Seu “Vintém de Cobre” é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia (...)”.
O Tesouro da Casa Velha da Ponte se chama Cora Coralina, que com suas obras conquistou milhares de admiradores e até escritores. “(...) Admiro e amo você como a alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais (...)”, Carlos Drummond.
Nos últimos anos de sua vida recebeu várias homenagens e participou de diversos eventos. Mesmo assim, não perdeu a doçura da alma de confeiteira e escritora.
Cora Coralina faleceu no dia 10 de abril de 1985, em Goiânia (GO).
0 Comments:
Assinar:
Postar comentários (Atom)