“O Evangelho morreu na cruz”

(Foto: Divulgação)
Escrito em 1888 e publicado somente 1895, O Anticristo é tido como a obra mais controvertida de Nietzsche. Polêmico e crítico aos valores cristãos, o livro é lido com um sem-número de interpretações que se afastam do objetivo maior proposto pelo autor – o de abrir caminho para uma crítica aos valores agregados, em mais de dois mil anos, ao cristianismo.

"Este livro é para os espíritos livres, pois só estes o compreenderão" (Friedrich Nietzsche). Muitos ao lerem apenas o título da obra recusam-na e intitulam-na como obra demoníaca. Afirmo ser pobreza de espírito àqueles que recusam ou leem preconceituosamente uma obra prima. Ao ler O Anticristo fui criticado por algumas pessoas (amigos e familiares) que são religiosas ao extremo. É empolgante e desafiante lê-lo, pois nos possibilita avaliar muitos valores (religiosos) que carregamos ao longo de muitos séculos, permitindo a visão de outras perspectivas em relação à própria vida.

Ele faz menções bíblicas e históricas evidenciando a deturpação causada por Paulo e pelo catolicismo.

Afirma que o budismo e o cristianismo são religiões niilistas. Contudo, salienta que o cristianismo é um mal ainda pior que o budismo.

Critica também Lutero, sobre o qual afirma ter perdido a grande oportunidade de evitar a decadência alemã.

Para Nietzsche no cristianismo nem a moral nem a religião estão em contato com a realidade. O filósofo questiona as causas imaginárias: “Deus”, “alma”, “espírito”, o “livre arbítrio” ou também o “não-livre”; e os efeitos imaginários: “pecado”, “salvação”, “graça”, “castigo”, “remissão dos pecados”, ressaltando que o cristianismo é um platonismo para o povo.

"No seu íntimo o cristianismo possui várias sutilezas que pertencem ao Oriente. Em primeiro lugar, sabe que é de pouca relevância se uma coisa é verdadeira ou não, desde que se acredite que é verdadeira. Verdade e fé: aqui temos dois mundos de idéias inteiramente distintas, praticamente dois mundos diametralmente opostos – os seus caminhos distam milhas um do outro. Entender esse fato a fundo – isso é quase o suficiente, no Oriente, para fazer de alguém um sábio"... (NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo).

O filósofo não pretende seguidores com o anticristo, apenas lança desafios para que cada um faça sua senda a respeito do assunto pautado na obra.

Segundo Mauro Araujo, Mestre em Ciências da Religião pela PUC – SP, O Anticristo é muito atual, pois a moral do ressentimento e da culpa ainda estão presentes no mundo cristão. São muitos os que, com ou em nome de promessas de vida no além, seguem como “rebanhos” a seu pastor, a seu sacerdote, que falam em nome de Cristo, o qual, segundo Nietzsche, carregou consigo, na cruz, o seu evangelho.

Ao afirmar que “O Evangelho morreu na cruz”, Nietzsche ressalta a deturpação provocada por Paulo, a quem credita ser fundador da Igreja Cristã, que subverteu a prática de Cristo e a converteu em outro tipo de “boa-nova” (uma “má-nova”), aquele que fez a vida pautada numa inocência, uma religião da culpa, a ideia de recompensa, castigo, débito e crédito e também inventor do “além” no cristianismo.

Hoje, seu livro é lido por milhares de pessoas em todo o mundo, dos mais “raros” ao leitor comum.


“Deus está morto”, assinado Nietzsche

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“Nietzsche está morto”, assinado Deus

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Artigo escrito por:
Neylon Jacob de Barros
Graduando em comunicação social, habilitação em jornalismo, pelo Instituto de Educação Superior de Brasília - IESB, Campus Edson Machado, Asa Sul

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