DICAS PARA REALIZAR UMA BOA ENTREVISTA

Como marcar uma entrevista? Preparar-se para ela? Escolher o local do encontro e o equipamento a ser usado?

Saiba como conquistar a confiança do entrevistado.

“Políticos, empresários, cientistas e celebridades, todo mundo hoje tem um assessor de imprensa”. Mas isso não significa que não existem pessoas que mantém o hábito de atender pessoalmente as demais. Uma boa relação com o assessor de imprensa do entrevistado pode facilitar o caminho, ou seja, ele cria uma ponte entre o anfitrião (pessoa a ser entrevista), e o repórter.

Feito isso, agora só falta marcar a hora e o lugar a realizar-se. É importante ressaltar que o território do entrevistado é sempre preferível, pois o deixa mais confiante e a vontade. Outros locais para fazer uma entrevista são: restaurante, avião ou escritório do entrevistado. Mas há também aquelas que são breves ou de transmissão ao vivo, que são gravadas em diferentes ambientes, até mesmo ao ar livre, nas ruas.
Depois de garantirmos a data, o local e o horário, partimos para a parte da pesquisa. Em hipótese alguma o repórter deve sair em campo sem nenhuma munição. Rsrsrs... Opa! Não estamos falando em atacar o entrevistado não!!! Mesmo que este esteja envolvido com corrupção ou similar. Para isso usa técnicas éticas. Uma entrevista bem-sucedida resulta de um conjunto de fatores que depende de ambos os lados. No caso do entrevistado dependerá do seu humor, domínio que ele tem da pauta, facilidade de se expressar e comunicar. Ao entrevistador cabe a extrema responsabilidade de fazer uma boa pesquisa antes de fazer uma entrevista. Ler a maior quantidade possível de material e aprofundar no contexto a ser trabalhado.
Há outras formas de realizar uma entrevista: por telefone ou por e-mail, mas trataremos aqui da presencial.

É chegada a hora! O que faço? O que vestir? O que vou levar?
Essas dúvidas sempre surgirão aos iniciantes ou a aqueles que não tem experiência na área.

Antes de tudo dominar o assunto a respeito do que você vai perguntar. É importante lembrar que muitas vezes o repórter peca pela falta de conhecimento do assunto.

O entrevistado vai ter enorme prazer de responder a perguntas inteligentes, de repórteres que esteja no mesmo nível da conversa.

Lembrar sempre que o sucesso da matéria depende exclusivamente do que foi perguntado. A cada resposta que não tiver a seu contento, fazê-la novamente de uma forma simpática e com argumento.

Quando o entrevistado ocupa um cargo importante o ideal é usar roupa social ao invés de jeans, pois uma pessoa bem vestida transmitirá mais confiança.

Ter postura, mostrar ser responsável e competente aumentarão sua credibilidade. Mas não precisa de formalidades excessivas. Não funcionam! Uma entrevista tem de ser uma conversa que exige um mínimo de cordialidade e simpatia.

É importante ter sempre em mãos um bloco de notas, uma caneta ou lápis, um gravador, uma máquina fotográfica ou filmadora para se ter um registro contendo os mínimos detalhes. Mas para o uso de alguns desses objetos cabe a autorização do entrevistado.

Vossa Excelência, Você ou Senhor? Muitos comentem diariamente gafes ao usarem pronomes de tratamento. Geralmente antes de começar uma entrevista pergunto as pessoas como gostariam de ser tratadas para evitar constrangimentos. Um exemplo seria entrevistar Ivete Sangalo tratando-a de Senhora Ivete ou o papa de senhor Bento XVI. “Dois pecados”.

Vamos lá! Após a apresentação, seguimos para as perguntas. Estas devem ser simples e objetivas. Nada de ficar “cozinhando Urubu”.

“Saber ouvir é mais importante que conversar”. Nunca deve expressar sua opinião e muito menos julgar as idéias do entrevistado. “Menos ego, por favor”. O repórter, em uma entrevista, não emite opinião, apenas colhe material para informar com precisão e idoneidade a sociedade.

“Falsos elogios e outras dissimulações: pode, sim”. Por mais terrível que seja a situação mantenha cara de paisagem e segure a ansiedade, pois dependendo de sua reação o entrevistado pode voltar atrás e pedir para retirar trechos da entrevista ou até mesmo não revelar mais informações.

Busque o ponto fraco do entrevistado e procure explorá-lo ao máximo possível. “Muitas vezes esse ponto fraco será a vaidade”.

“Perguntas delicadas devem ser feitas no final da entrevista e nunca no começo”. (Ressaltar sempre: o senhor fique à vontade para responder ou não a essa pergunta que vou fazer).

Ao termino da entrevista o material segue para edição onde passará por uma “lavagem”, e deverá receber uma atenção especial, pois o resultado final dependerá do tratamento dado. Mas até mesmo o desempenho desse processo tem grande influência do entrevistado. “Se este for articulado, e encadeia de forma organizada seu raciocínio e fala com velocidade normal, o trabalho pode ir bem mais rápido”. Quando você está fazendo um trabalho no qual o entrevistado usa uma linguagem regional, coloquial, gírias ou jargões, dificultará um pouco mais o trabalho.

“Tive essa experiência que considero fantástica ao dirigir um documentário histórico sobre a trajetória de vida de um senhor de engenho do interior de Goiás, meu avô Dito Jacó, cuja linguagem era sertaneja. Gravei vários dias de entrevistas, dando um total de três fitas. Meu avô já com seus 100 anos, simples e de família pobre, e que nunca havia freqüentado a escola aprendeu com as lições ensinadas pela “vida”. Contava suas histórias calmamente e de seu jeito humilde de quem de fato enfrentou muitos obstáculos ao longo da vida. Mas mesmo assim, conquistava a atenção de qualquer um que estivesse próximo. O resultado do meu trabalho rendeu 30 páginas impressas contendo muitos fatos importantes por ele vivido e que por mim serão passados para as próximas gerações preservando sua origem e sua cultura”.

Quando esquecer de fazer alguma pergunta ou algo que não poderia faltar em sua entrevista você deve voltar ao entrevistado sem nenhum constrangimento. Esquecer de fazer uma pergunta não é crime! Mas tente evitar isso. “Anote todas informações, ainda que tenha ciência de tudo”.

Os pedidos dos entrevistados devem ser respeitados, principalmente quando ele disser algo em off. Geralmente pedem para ver o resultado final da entrevista e caso encontre algo comprometedor pede que seja imediatamente retirado. “Segundo o manual de redação de alguns jornais, que diz que o entrevistado é dono da entrevista até o momento em que ela é publicada”. Nesse caso cabe ao repórter convencê-lo as vantagens de manter a declaração.

As entrevistas feitas para outras mídias (rádio, TV) são diferentes das que são feitas para jornais impressos e revistas.

Este material foi elaborado por Neylon Jacob para um projeto no qual participou.

Fontes de pesquisa:

Oyama, Thais. "A arte de entrevistar bem".

"Dito Jacó, Um século de vida e exemplo". Documentário dirigido e produzido por NJB Produções.

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